Uma carta de orgulho, admiração e perdão
Eu
tenho tanto orgulho do Jefferson de 2008 que não consigo conter a emoção
enquanto escrevo este texto.
Em
2008, eu era só um sonhador que tinha
sonhos inimagináveis para um filho de Antônia. Ah, eu era cristão, na época eu
congregava em uma igreja evangélica. Não congrego mais, continuo cristão,
talvez mais do que antes.
Em
2008, eu tinha síndrome do patinho feio.
Isso pode parecer uma piada, mas é uma doença. Você, influenciado por reforços
externos e apontamentos de terceiros, passa a se ver menos, por isso toma uma
atitude de autossabotagem, evitando se cuidar e sempre se achando inferior às
pessoas ao seu redor.
Em
2008, eu tinha um grande amor que mal
olhava para mim. Lembro que eu lhe escrevia cartas, uma por dia, com frases de
amor e músicas, compartilhava planos, desejos, medos, eu me abria nas cartas.
Um dia essa pessoa sentou no pátio da escola e junto com os amigos rasgou todas
essas minhas cartas, eu vi tudo. Lembro do quanto eu me dedicava na escrita,
escrevia com minha melhor letra – eu já escrevia como calígrafo. O tempo passou
e essa pessoa está aí vivendo sua vida e eu olho com um olhar de carinho e
desejo que as coisas fluam para ela. Passou!
Em
2008, eu tinha amigas que me protegiam de
tudo. Eram meu campo seguro. Eu me sentia tão importante estando junto delas.
Elas me lembravam sempre tudo de bom que eu tinha a ofertar, escutavam meus
lamentos, enquanto eu chorava elas riam para me alegrar. Elas acreditavam em
mim, acreditavam de um jeito que eu não conseguia entender. Hoje percebo que
não eram somente amigas, eram irmãs, anjos da guarda.
Em
2008, eu penei muito, mas vivi, não
sobrevivi. Foi quando conheci o secretariado e me apaixonei por ele, foi quando
consegui meu primeiro emprego, me aproximei de Cristo com mais força, a Sua voz
passou a ser mais nítida, tive as melhores amigas do mundo e as melhores
professoras. Foi um ano marcante.
O desafio
da puberdade me fez relembrar esse momento que eu tinha deixado lá
para trás. Por ter sofrido muito nesse período, preferi guardar na caixinha do
esquecimento. No fundo, a gente nunca esquece, mas ignora. E hoje optei por
retomar essas lembranças e dizer: eu me perdoo. Me perdoo por tudo que fiz que
não deu certo, pelos erros, pelas decepções, pelas expectativas não atingidas,
por me achar menos, por me inferiorizar e por várias vezes não escutar a voz de
Deus. Eu me perdoo.
Como
eu era menino em tudo: na esperança em dias melhores, nas brincadeiras de rua,
nos medos, nas paixões impossíveis. Eu carregava em minhas costas um peso tão
grande que me lembrava todos os dias que eu deveria ser melhor e ser mais.
Enquanto me achava menos, eu sabia que eu era responsável por dias melhores
para mim. Ah, como eu me orgulho desse Jefferson. Tão menino, tão homem, tão
forte, tão sofrido, tão único.
Hoje
olho para ele com olhar de admiração, já não mais de uma lembrança que não
quero revisitar. Ele me fez quem sou hoje. E hoje eu agradeço por ele não ter
desistido da vida.
Eu
não venci na vida, eu vivi e tenho vivido.
Obs.:
a repetição do 2008 é proposital.
ResponderExcluirChorei!!! É realmente muito emocionante a sua história e ainda é mais emocionante saber que fiz parte dela!! Me orgulho muito da pessoa que vc se tornou, mas isso não é novidade pq sempre me orgulhei de vc... te amo hj é sempre ❤️
Parabéns pelo texto! Em alguma medida também me reconheci na sua escrita. E sou da opinião de que o que não me mata me fortalece.
ResponderExcluirQue lindo texto e linda história. Quem lê se identifica, se envolve e se emociona. Parabéns!!
ResponderExcluirMárcia Soboslay